Thursday, February 6, 2014

Meus companheiros degenerados...

Duas coisas que aconteceram nos últimos sete dias me fizeram escrever esse post. A primeira foi o tão comentado – e adorado – “beijo gay” no último capítulo da novela “Amor à Vida”. A outra foi um caso que ocorreu com o ator Jared Leto durante um festival em Los Angeles: ele foi acusado por uma mulher de transmisoginia (aversão a transexuais) por conta de sua participação no filme “Dallas Buyers Club” – ele interpreta um travesti HIV positivo. O argumento que a mulher usou foi que ele “não deveria receber prêmios por fazer um transsexual porque é homem.”


Não sei vocês, alguns podem até achar meio preconceituoso, mas eu tenho um respeito enorme por atores que interpretam homossexuais no cinema/teatro/televisão. Pelo simples fato que é muito difícil. Durante décadas  usaram um “modelo gay” falso e caricato, fazendo piadas e ridicularizando-os, então, os atores que fogem desse modelo e conseguem passar uma imagem real merecem respeito.

Às vezes fico pensando que interpretar um pesonagem gay deve ser mais difícil que um personagem com uma doença terminal, por exemplo. Eu consigo imaginar todos os sentimentos que teria se recebesse a notícia que vou morrer. Mas não consigo me imaginar amando alguém do mesmo sexo que eu, pelo simples fato que não sinto atração. Então para um ator criar esse sentimento, essa atração, deve ser mais complicado.

Além disso, ainda tem toda a questão do preconceito. As pessoas AINDA tem preconceito. Já ouvi várias pessoas falando que não gostavam de determinado ator só porque ele já interpretou um gay no cinema, fez cenas de beijo ou sexo… Fico impressionada com a ignorância de certos alguéns.

Com base nisso tudo, resolvi fazer uma lista com alguns filmes que seus personagens mais marcantes são homossexuais. Filmes incríveis com atores geniais.


Pra começar, gostaria de comentar “Milk – A Voz da Igualdade”. Sean Penn surpreendeu a todos ao interpretar – e muito bem – Harvey Milk, o primeiro gay assumido a ser eleito a um cargo político nos EUA e a lutar por seus direitos. Esse não é daqueles filmes que você chora e se emociona por conta de um final triste, você se emociona pela luta e pela verdade que a história passa, além de ficar indignado pelas atrocidades que eram ditas num passado não tão distante (e infelizmente ainda são ditas hoje) sobre os homossexuais. 



“O Segredo de Brokeback Mountain” é um filme que gerou muita polêmica. Talvez por suas cenas fortes de sexo – tanto homo, como hétero – ou talvez por pegar dois atores que eram considerados “galãs” e colocá-los como homossexuais – fãs ficaram indignadas (aff). A história é sobre as vidas conturbadas de dois cowboys que se apaixonam, porém não se aceitam completamente. Eu sempre assisti a esse filme como um romance qualquer, mas muitos não gostaram por achar que só se trata de um filme de sexo gay. Vocês podem assistir e tirar suas próprias conclusões. Vale lembrar que os dois atores – Jake Gyllenhaal e Heath Ledger – foram indicados ao Oscar por suas atuações.



Como não falar do Daniel Oliveira em “Cazuza – O Tempo Não Para” ?? Eu lembro que quando quis assistir a esse filme na época do lançamento uma senhora me falou: “não pode, tem coisa errada” (ou algo desse tipo). Anos depois fui entender o que era essa “coisa errada” e que não tinha nada de errado. O filme é intenso, real e bonito. Fico impressionada até hoje como o Daniel Oliveira estava parecido com o Cazuza, tanto na aparência, quanto nos trejeitos (pelo menos das entrevistas que assisti).



Confesso que fui assistir “Behind The Candelabra” por causa do Matt Damon, mas quem realmente me surpreendeu foi o Michael Douglas. A história gira em torno do romance doentio entre o famoso pianista Liberace e seu amante muitos anos mais novo. O filme recebeu vários prêmios, incluindo o de melhor ator para Douglas (e super merecido). Sempre tive um pequeno preconceito com ele por fazer papéis de galã ou parecer meio metido... o que eu sei é que sua atuação calou a minha boca. Pra entenderem o que estou falando vocês precisam assistir (passa sempre na HBO).



Voltando ao primeiro filme do post, só se fala em uma coisa quando o assunto é o filme “Dallas Buyers Club”: as atuações de Jared Leto e Matthew McConaughey. Essa é uma história real sobre um grupo de pessoas HIV positivo que tentam achar alguma forma de sobreviver ao vírus. McConaughey interpreta Ron, um homem extremamente homofóbico que começa a contrabandear remédios proibidos nos EUA que ajudam a diminuir os sintomas. Leto é Rayon, um travesti que, além de ter AIDS, é viciado em drogas. No desenrolar da história eles viram sócios e até amigos. O filme tem seis indicações ao Oscar esse ano e estou torcendo por quase todas, principalmente as de Melhores Atores. Matthew finalmente provou que não é ator de comédia romântica e o Jared está tão delicado, tão espontâneo... de verdade, eles merecem todos os prêmios possíveis. A história é emocionante e, de todos, esse é o filme que mais recomendo.

BÔNUS:



Gente, sou suspeita pra falar porque sou fã do Mateus Solano há uns oito anos e do Thiago Fragoso então... desde sempre. Mas esse foi o meu casal preferido da vida. Nunca torci tanto por um beijo, nunca fiquei tão feliz em uma novela. Acho que é do consenso de todos que a melhor coisa de “Amor à Vida” foi o romance do Félix e do Niko, eles conquistaram todo mundo – inclusive os homofóbicos – e isso foi o mais interessante. Ouvi muita gente falando: “eu não gostava de gays até ver o Félix.” Ele abriu os olhos de muita gente, principalmente do brasileiro que é um povo cheio de preconceitos.


A frase do título é o início de um discurso de Harvey Milk.

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