Duas
coisas que aconteceram nos últimos sete dias me fizeram escrever esse post. A
primeira foi o tão comentado – e adorado – “beijo gay” no último capítulo da
novela “Amor à Vida”. A outra foi um caso que ocorreu com o ator Jared Leto
durante um festival em Los Angeles: ele foi acusado por uma mulher de transmisoginia
(aversão a transexuais) por conta de sua participação no filme “Dallas Buyers
Club” – ele interpreta um travesti HIV positivo. O argumento que a mulher usou
foi que ele “não deveria receber prêmios por fazer um transsexual porque é
homem.”
Não sei
vocês, alguns podem até achar meio preconceituoso, mas eu tenho um respeito
enorme por atores que interpretam homossexuais no cinema/teatro/televisão. Pelo
simples fato que é muito difícil. Durante décadas usaram um “modelo gay” falso e caricato,
fazendo piadas e ridicularizando-os, então, os atores que fogem desse modelo e
conseguem passar uma imagem real merecem respeito.
Às vezes
fico pensando que interpretar um pesonagem gay deve ser mais difícil que um
personagem com uma doença terminal, por exemplo. Eu consigo imaginar todos os
sentimentos que teria se recebesse a notícia que vou morrer. Mas não consigo me
imaginar amando alguém do mesmo sexo que eu, pelo simples fato que não sinto
atração. Então para um ator criar esse sentimento, essa atração, deve ser mais
complicado.
Além
disso, ainda tem toda a questão do preconceito. As pessoas AINDA tem
preconceito. Já ouvi várias pessoas falando que não gostavam de determinado
ator só porque ele já interpretou um gay no cinema, fez cenas de beijo ou
sexo… Fico impressionada com a ignorância de certos alguéns.
Com
base nisso tudo, resolvi fazer uma lista com alguns filmes que seus personagens
mais marcantes são homossexuais. Filmes incríveis com atores geniais.
Pra
começar, gostaria de comentar “Milk – A Voz da Igualdade”. Sean Penn
surpreendeu a todos ao interpretar – e muito bem – Harvey Milk, o primeiro gay
assumido a ser eleito a um cargo político nos EUA e a lutar por seus direitos.
Esse não é daqueles filmes que você chora e se emociona por conta de um final
triste, você se emociona pela luta e pela verdade que a história passa, além de
ficar indignado pelas atrocidades que eram ditas num passado não tão distante
(e infelizmente ainda são ditas hoje) sobre os homossexuais.
“O
Segredo de Brokeback Mountain” é um filme que gerou muita polêmica. Talvez por
suas cenas fortes de sexo – tanto homo, como hétero – ou talvez por pegar dois
atores que eram considerados “galãs” e colocá-los como homossexuais – fãs
ficaram indignadas (aff). A história é sobre as vidas conturbadas de dois
cowboys que se apaixonam, porém não se aceitam completamente. Eu sempre assisti
a esse filme como um romance qualquer, mas muitos não gostaram por achar que só
se trata de um filme de sexo gay. Vocês podem assistir e tirar suas próprias conclusões. Vale
lembrar que os dois atores – Jake Gyllenhaal e Heath Ledger – foram indicados
ao Oscar por suas atuações.
Como
não falar do Daniel Oliveira em “Cazuza – O Tempo Não Para” ?? Eu lembro que
quando quis assistir a esse filme na época do lançamento uma senhora me falou:
“não pode, tem coisa errada” (ou algo desse tipo). Anos depois fui entender o
que era essa “coisa errada” e que não tinha nada de errado. O filme é intenso,
real e bonito. Fico impressionada até hoje como o Daniel Oliveira estava
parecido com o Cazuza, tanto na aparência, quanto nos trejeitos (pelo menos das
entrevistas que assisti).
Confesso
que fui assistir “Behind The Candelabra” por causa do Matt Damon, mas quem
realmente me surpreendeu foi o Michael Douglas. A história gira em torno do
romance doentio entre o famoso pianista Liberace e seu amante muitos anos mais
novo. O filme recebeu vários prêmios, incluindo o de melhor ator para Douglas
(e super merecido). Sempre tive um pequeno preconceito com ele por fazer
papéis de galã ou parecer meio metido... o que eu sei é que sua atuação calou a
minha boca. Pra entenderem o que estou falando vocês precisam assistir (passa
sempre na HBO).
Voltando
ao primeiro filme do post, só se fala em uma coisa quando o assunto é o filme
“Dallas Buyers Club”: as atuações de Jared Leto e Matthew McConaughey. Essa é
uma história real sobre um grupo de pessoas HIV positivo que tentam achar
alguma forma de sobreviver ao vírus. McConaughey interpreta Ron, um homem
extremamente homofóbico que começa a contrabandear remédios proibidos
nos EUA que ajudam a diminuir os sintomas. Leto é Rayon, um travesti que, além
de ter AIDS, é viciado em drogas. No desenrolar da história eles viram sócios e
até amigos. O filme tem seis indicações ao Oscar esse ano e estou torcendo por
quase todas, principalmente as de Melhores Atores. Matthew
finalmente provou que não é ator de comédia romântica e o Jared está tão
delicado, tão espontâneo... de verdade, eles merecem todos os prêmios possíveis. A
história é emocionante e, de todos, esse é o filme que mais recomendo.
BÔNUS:
Gente,
sou suspeita pra falar porque sou fã do Mateus Solano há uns oito anos e do
Thiago Fragoso então... desde sempre. Mas esse foi o meu casal preferido da
vida. Nunca torci tanto por um beijo, nunca fiquei tão feliz em uma novela.
Acho que é do consenso de todos que a melhor coisa de “Amor à Vida” foi o romance
do Félix e do Niko, eles conquistaram todo mundo – inclusive os homofóbicos – e
isso foi o mais interessante. Ouvi muita gente falando: “eu não gostava de gays
até ver o Félix.” Ele abriu os olhos de muita gente, principalmente do
brasileiro que é um povo cheio de preconceitos.
A frase do título é o início de um discurso de Harvey Milk.






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